Salmo 66 Segundo o Espiritismo

O Salmo 66, como os demais salmos, é uma parte do Livro dos Salmos da Bíblia Hebraica e da Bíblia Cristã. Ele é um cântico de louvor e gratidão a Deus pelas Suas maravilhas e Sua providência.

No contexto do Espiritismo, fundado por Allan Kardec no século XIX, os textos bíblicos, incluindo os Salmos, podem ser reinterpretados à luz dos princípios espíritas, que incluem a crença na imortalidade da alma, a reencarnação, a comunicação com os espíritos e a lei de causa e efeito.

Embora Allan Kardec e outros líderes espíritas não tenham comentado diretamente sobre o Salmo 66, podemos interpretar o salmo à luz dos ensinamentos espíritas. Aqui está uma possível interpretação do Salmo 66 segundo a perspectiva espírita:


Salmo 66:

  1. Aclamai a Deus, toda a terra.
  2. Cantai a glória do Seu nome; dai glória ao Seu louvor.
  3. Dizei a Deus: Quão terríveis são as Tuas obras! Pela grandeza do Teu poder, a Ti se submetem os Teus inimigos.
  4. Toda a terra Te adorará e Te cantará louvores; cantarão o Teu nome. (Selá)
  5. Vinde, e vede as obras de Deus; Ele é terrível nos Seus feitos para com os filhos dos homens.
  6. Converteu o mar em terra seca; passaram o rio a pé; ali nos alegramos Nele.
  7. Ele domina eternamente pelo Seu poder; os Seus olhos vigiam as nações; não se exaltem os rebeldes. (Selá)
  8. Bendizei, povos, ao nosso Deus, e fazei ouvir a voz do Seu louvor.
  9. Ao que sustenta com vida a nossa alma, e não consente que sejam abalados os nossos pés.
  10. Pois Tu, ó Deus, nos provaste; Tu nos afinaste como se afina a prata.
  11. Tu nos introduziste na rede; puseste uma carga pesada sobre os nossos lombos.
  12. Fizeste com que os homens cavalgassem sobre as nossas cabeças; passamos pelo fogo e pela água; mas trouxeste-nos a um lugar de abundância.
  13. Entrarei em Tua casa com holocaustos; pagar-Te-ei os meus votos,
  14. Que pronunciaram os meus lábios e falou a minha boca, quando estava na angústia.
  15. Oferecer-Te-ei holocaustos de animais cevados, com o aroma de carneiros; oferecerei novilhos com cabritos. (Selá)
  16. Vinde, ouvi, todos os que temeis a Deus, e contarei o que Ele fez à minha alma.
  17. A Ele clamei com a minha boca, e Ele foi exaltado pela minha língua.
  18. Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá;
  19. Mas, na verdade, Deus me ouviu; atendeu à voz da minha oração.
  20. Bendito seja Deus, que não rejeitou a minha oração, nem desviou de mim a Sua misericórdia.

Interpretação Espírita:

1-4: O louvor a Deus e a exaltação de Suas obras refletem a gratidão e o reconhecimento das bênçãos divinas. No Espiritismo, a adoração a Deus é entendida como um ato de reconhecimento de Sua supremacia e bondade.

5-7: As maravilhas realizadas por Deus, como a conversão do mar em terra seca, simbolizam as intervenções divinas em nossas vidas. O Espiritismo ensina que Deus, através de Seus mensageiros espirituais, está sempre presente, auxiliando e guiando a humanidade.

8-12: As provações e desafios mencionados representam as dificuldades e obstáculos que enfrentamos em nossas vidas. Segundo o Espiritismo, essas provações são oportunidades de aprendizado e evolução espiritual, necessárias para o nosso progresso.

13-15: O oferecimento de holocaustos pode ser entendido simbolicamente como nossas ações de devoção e serviço ao próximo. No Espiritismo, a verdadeira adoração a Deus se manifesta através da caridade e do amor ao próximo.

16-20: A experiência pessoal do salmista com a resposta divina à sua oração destaca a importância da fé e da confiança em Deus. O Espiritismo enfatiza a oração como um meio de comunicação com o mundo espiritual, ajudando-nos a receber orientação e consolo.


Essa interpretação busca alinhar o Salmo 66 com os princípios espíritas, destacando a importância da fé, da gratidão, da evolução espiritual através das provações e da prática da caridade.

 

Saiba por que os evangélicos não aceitam a interpretação espírita do Salmo 66

A interpretação espírita do Salmo 66 provavelmente seria vista de maneira crítica pelos evangélicos por várias razões teológicas e doutrinárias. Aqui estão alguns pontos que destacam as possíveis discordâncias:

1. Autoridade das Escrituras:

  • Evangélicos: Os evangélicos geralmente acreditam na inerrância e na autoridade das Escrituras, interpretando-as de acordo com uma perspectiva literal ou historicamente contextualizada. Eles tendem a rejeitar qualquer interpretação que não esteja alinhada com a teologia cristã tradicional.
  • Espíritas: A interpretação espírita do Salmo 66 inclui conceitos como reencarnação e evolução espiritual, que não são encontrados na teologia evangélica.

2. Natureza de Deus e dos Milagres

  • Evangélicos: Os evangélicos acreditam em milagres como intervenções sobrenaturais de Deus na história humana. Eles veem os milagres bíblicos, como a abertura do Mar Vermelho, como eventos históricos reais e não meramente simbólicos.
  • Espíritas: A interpretação espírita pode entender milagres de forma mais simbólica ou como manifestações naturais de leis espirituais, o que difere da visão evangélica de milagres como intervenções diretas de Deus.

3. Provações e Evolução Espiritual

  • Evangélicos: Para os evangélicos, as provações são vistas como testes de fé e oportunidades para crescer espiritualmente, mas não necessariamente no contexto de múltiplas vidas ou reencarnação.
  • Espíritas: O Espiritismo vê as provações como parte de um processo contínuo de evolução espiritual através de múltiplas existências, uma ideia que é geralmente rejeitada pelos evangélicos.

4. Prática da Oração

  • Evangélicos: A oração, para os evangélicos, é uma comunicação direta com Deus, sem intermediários, e eles acreditam na resposta direta de Deus às orações dos crentes.
  • Espíritas: Embora os espíritas também valorizem a oração, eles acreditam na comunicação com espíritos desencarnados, o que é contrário às crenças evangélicas.

5. Interpretação dos Sacrifícios

  • Evangélicos: A prática dos sacrifícios no Antigo Testamento é vista como uma prefiguração do sacrifício de Jesus Cristo, que, na teologia evangélica, aboliu a necessidade de quaisquer sacrifícios adicionais.
  • Espíritas: A interpretação simbólica dos sacrifícios como ações de caridade e devoção pode ser vista como uma desconexão do contexto bíblico original.

Conclusão

Os evangélicos provavelmente considerariam a interpretação espírita do Salmo 66 como uma distorção dos ensinamentos bíblicos. Eles defendem uma abordagem que se baseia na interpretação tradicional e histórica das Escrituras, enquanto o Espiritismo oferece uma visão que integra conceitos de reencarnação, comunicação com os espíritos e evolução espiritual, que não são aceitos na teologia evangélica.

Portanto, qualquer tentativa de reconciliar essas interpretações precisaria lidar com profundas diferenças doutrinárias e teológicas.

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